30 abril 2017

AMOR

O amor sempre foi a palavra usada para descrever o sentimento indefinível, ou de múltiplas definições, que cada ser singular sente em relação a algum objeto, alguém.
A literatura não encontrou palavras suficientes para isso, mas meios de transferir o sentimento do escritor para o leitor, lhe dando uma vaga ideia do que pode ser.
Muitos se sentem doutores no assunto, falam com autoridade até mesmo sobre o sentimento de amor do outro, que desconhece se não por completo.
Outros acreditam que há pessoas legítimas para falar de amor, ou que só existe um ou outro tipo de amor.
Há outras pessoas que nada conseguem expressar sobre o amor, mas que creem fielmente que só é possível demonstrá-lo em sua verdadeira natureza, nunca falar sobre.


Há tudo que é tipo de gente, passando por tudo quanto é tipo de situação amorosa, com opiniões diferentes sobre uma mesma palavra, quiçá sentimento.
Já ouvi de um Senhor dizer que só amou uma mulher em toda sua vida e que às vezes ele não tem certeza se foi amor. Se contradiz e termina dizendo: amor eu acho que só existe de mãe.

Eu estava lendo o livro Carpinejar Felicidade Incurável quando cheguei na página 71 e vi o título:

ANALFABETOS DO AMOR
"Você pode amar como nunca na vida.
Você pode fazer o que não precisava, só o que não precisa significa o quanto tudo é simbólico.
Você pode imaginar como agradar, durante o dia inteiro, cronometrar os horários de sua pessoa predileta, para preparar um jantar ou dar uma carona ou buscar algo que inspire seu riso [...]
Você pode se tornar responsável, louco, sóbrio, discreto, escandaloso, irreverente, apaixonado, centrado, pode ser o que sonhou, pode se contorcer em pesadelo, pode se transformar no seu contrário, virar-se pelo avesso e oferecer o forro do silêncio.
Mas nada disso importa se a outra pessoa é analfabeta do seu amor."
Carpinejar Felicidade Incurável. Analfabetos do Amor, pg71 - 72

Só o que não precisa significa o quanto tudo é simbólico.
Nada disso importa se a outra pessoa é analfabeta do seu amor.

Eu acredito que todos nós, pelo menos uma vez na vida, fomos analfabetos em relação ao amor do outro para conosco.
Ser analfabeto no amor significa não ser capaz de ler, entender, visualizar o significado de cada ação amorosa que a pessoa tem para você. Não significa necessariamente não amar.

Às vezes Muitas vezes não somos capazes de entender as reais motivações das pessoas, nem mesmo as nossas, o que nos faz cegos diante do significado de cada ação que alguém delibere.

Ninguém disse que amar é fácil, nem ser amado (embora tenhamos a tendência a acreditar que a posição passiva é sempre mais fácil, pois está na zona de conforto).

Eu tenho para comigo que o amor é o sentimento de maior valor, de maior significado, que dá sentido a existência de qualquer coisa que se faça amar.
Acredito que o amor é multiforme, que assume várias nuances ao longo da vida, e que por essa razão faz dessa palavra e desse sentimento algo difícil de se definir.

O amor que tenho por minha mãe é diferente da que tenho por meu pai. O amor que sinto por um amigo é diferente do que sinto para uma amiga. O amor que sinto por meu primo é diferente do que sinto por minha prima.

Mas em todos os casos é amor.

Em alguns casos é frio, morno ou quente.
O amor é uma relação de troca, o que faz dele assumir várias formas, pois toda relação depende de duas partes.

A tentativa de fazerem do amor algo infinito e imutável é a expressão da insegurança, da covardia diante da vida, do medo de sentir dor (seja ele físico ou mental).

Sinto que amar é expor sua fragilidade e dar a chance ao outro de te apunhalar, torcendo com todas suas forças que ele não te apunhale!

Amar é a tentativa de eternizar o sorriso do amado em sua memória para no fundo de seu coração poder dizer: nem que por um breve momento fui capaz de lhe trazer alegria.

Amar, frio ou quente, não importa, é baixar a guarda e estar preparado para levar nocaute e cair na lona.
Quem não sabe disso, provavelmente romanceia este sentimento, finge uma fantasia para não enfrentar a realidade, ou simplesmente tem uma visão de amor totalmente distinta da minha, e só.

Morena - Los Hermanos

2 comentários:

  1. Engraçado que cada vez que vc lê algo(em tempos diferentes), acaba tendo uma outra visão das coisas! :)

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