31 maio 2016

Status de WhatsApp

"Antes eu era o outro, depois virei um ponto. Trata-me como o outro e me mantenha como um ponto."

No passado eu era o que não sou. O que agora sou não corresponde ao passado, porém, a razão de eu ser o que sou foi por pulsões biológicas que ocorreram no passado para me transformar no que sou. Essas pulsões foram idealizadas de forma a não deixar de ser o que eram quando surgiram, principalmente com o objetivo que se tinha em mente por se fazer o que eram, o que agora já não é. Virei um ponto, mesmo que antes eu ainda era um ponto. Um ponto de interrogação, exclamação, reticências (o que costumo sempre ser), vírgula, ponto final. Já não sou o que eu era e a cada "never more" deixo de ser o que sou. Quando eu era o que era, era melhor. Depois que passei a ser o que sou passei a ser tratado como o que não gostaria de ser. 
Eu sou o ponto e serei até o momento em que a vida, as pulsões e o pensamento me permitir ser o que continuo a ser sou. Mas a maneira como sou considerado era muito melhor quando eu não era. Mantenha-me e considera-me!

28 maio 2016

Livro aberto

Que tipo de pessoa você é? 
Sou um livro aberto, que dispõem de um longo texto que é escrito e reescrito e mostra borrões ao longo do que é escrito. Não há muitas pessoas interessadas em ler um livro, ainda mais se este livro for do tipo reflexivo abstrato que lança metáforas para tentar explicar de modo mais simples aquilo o que pensa, o que é. Mas muitos leitores não entendem as metáforas e acha que o problema está no livro, pois foi escrito com palavras complicadas e frases que só tem sentido para o próprio livro. Em suma, o problema está no livro, pois não foi escrito para a maioria dos leitores que o têm acesso. De qualquer modo, o escritor deste livro não acredita que há problema no livro, mas o problema é nesta relação leitor - livro. O livro não foi feito para aquele leitor e nem aquele leitor foi feito para este livro. Apesar dessa relação opositória tensa ser igual para ambos, os dois tem um modo particular de lidar com tal tensão. O leitor cansado do livro, larga-o em qualquer canto. Quando mais gentil, opta por organizar e coloca ele em algum lugar junto de outros livros, em um lugar que o fará ser esquecido, assim como já é estes muitos outros livros que o farão companhia. Em outros casos, ainda um leitor gentil, dá de presente para algum outro amigo leitor dizendo que aquele livro é indicado para ele. Quando seu amigo leitor pergunta o porque ele não sabe responder, mas diz que tem a cara de seu amigo, ficando a critério de seu amigo interpretar isso, posteriormente, como um elogio ou um insulto. Em outras circunstancias este leitor jogará o livro no lixo, talvez o queimará, talvez o deixe para seus filhos pequenos brincarem com ele até que o rasgue. Há alguns outros que prefere doar para uma livraria, vender, enfim, dar outro fim.
Mas, ao livro, o que lhe cabe fazer? Apenas aguardar ansiosamente o fim que receberá. Não o que se possa fazer, nem súplica a dizer, nem se opor ao fim escolhido. Ficará a espera de alguém para compartilhar sua história, suas glórias, suas tragédias, viver através de alguém. A alegria se faz em vida, ainda mais quando passa a ser a própria vida, pois deixa de ser objeto para ser imaginação, ação. Transforma-se em alguém, deixando de ser algo. É possível que encontremos Sofia ou mesmo Alberto passeando pelo nosso mundo, talvez os dois juntos, passeando de mãos dadas, procurando um meio de existir. É tão possível quanto impossível, pois é e não é.
De qualquer modo, sou um livro aberto e também sou um leitor assíduo. Leio através de meus olhos, ouvidos, narinas, sensorialidades de meus toques em contato com aquilo que leio, leio através de minhas percepções. Depois, depois de perceber aquilo que leio, ou que julgo ler, interpreto, raciocino, mentalizo, crio, faço existir uma nova história através daquilo que percebo. Então, quando alguém me pergunta sobre aquilo que li, dou uma resposta que condiz aquilo que eu criei. Se esta resposta for satisfatória com a criação daquele que me pergunta, então haverá concordância. Do contrário, discussão. Em ambos os casos haverá uma alteração, assim a criação será outra nova, deixando de ser o que era.

Ora sou livro, ora sou leitor, ora sou lido, ora escritor. Sou e não sou, deixo de ser, às vezes não sendo nada e assim confunde-se com o tudo. Se pedes para explicar-me é o mesmo que dizer ao mágico para lhe revelar o segredo de sua magia. É muito melhor descobrir por conta própria, pelas próprias pernas, pela própria dor. Quer que mastiguem sua própria comida? Por acaso seus dentes já se fazem ausentes? Não seja tolo a deixar que descubram a vida por você, quando dispõem de um par de olhos e ouvidos.

Sou um livro aberto, um escritor, um cidadão. Passo a ser qualquer outra coisa a depender de seu julgamento. Uma fralde, um mentiroso, um transgressor. Não há chaves e nem dicionário adequado para se interpretar tal escrito, mas há os leitores adequados para entender o que aqui está escrito. A mensagem nunca é igual, por mais que o texto seja o mesmo. O leitor do mesmo modo também não o é, assim como o livro que leu sempre será único enquanto continuar a lê-lo.

É fácil entender? É fácil ser você?

Que tipo de pessoa você é?

23 maio 2016

Censura mental

Sempre que eu começo um post tenho um objetivo com ele. O primeiro de todos, o qual nem penso por ser tão natural, é o de descarregar energias múltiplas em uma plataforma em que posteriormente eu possa ler e buscar entender essas energias, depois que assumem uma forma. O segundo sempre está aliado a um interesse oculto que só se manifesta em pulsões, em sensações, em coisas as quais ainda reluto em nomear, mas talvez já saiba como. O que ocorreu na frase anterior foi uma censura. Esta censura é feita por mim e para mim. Segundo a regra da censura é para me proteger de reações adversas do mundo. Mas escrever e publicar em um diário online e depois compartilhar com os amigos do Facebook, GooglePlus, deixar as postagens públicas para acesso de todos, é um modo que outra extremidade que não está censurada (não conscientemente) busca expor-se de forma a encontrar-se com o mundo, procurando observar as reações adversas e entendê-las para se compreender. Quantas vezes tive um objetivo com cada post e na hora que digitei, por deixar tão abstrato, me dou conta que não falei nada do que gostaria e acabo por apagar ou guardando como rascunho. Quantas vezes ouvi uma música ou visualizei uma imagem e me inspirei a criar uma mensagem para que correspondesse com o sentimento daquilo que vislumbrei? Então, vem de forma forte e clara, depois passa pelo intelecto e é carregado de lixo intelectual. Lixo esse que às vezes parece bonito para alguns, extravagante para outros, desnecessário para muitos (inclusive para minha Alma), mas sempre utilizado por meu Eu consciente, que busca se proteger constantemente.É uma vergonha!
Então, cá estou Eu, com o objetivo de me esclarecer através do que escrevo, e quando leio, percebo, que mais eu confundo do que esclareço! São as artimanhas da mente que faz com que ele mente. Só permito isso porque sei que chegará uma hora que estará tão cansado de tanto escrever e nada dizer que depois de tantos "tecs-tecs" se cansará de tudo e mandará tudo ao ar, sendo deselegante e despojado como já fora um dia. Ah sim, sempre demonstra uma saudade reprimida de alguma ou outra característica que tinha. Isso é gostar de sofrer, porque, sofrer por nada, é gostar de sofrer.
Mas será que é sofrer? Será que não há uma didática por trás de tudo isso? Será que não há uma mensagem, um quebra-cabeça a ser resolvido? Não seria como Lara Croft e os enigmas que se apresentam para que o jogador continue em frente? 
Mas quem seria o player além de mim? Se quando olho para dentro vejo pelo menos três, certeza que há uma disputa para ver quem controla. Por ora há um dominante, tanto que quando começou esse post alguém no fundo dizia para começar. Opa! Um dá o início. Dois desenvolve o que foi iniciado. Três julga o trabalho dos dois primeiros. 
Se há um acordo entre os três esse post sai do rascunho e se torna público. MAS, existe aquele que é mais fraco, aquele que intermédia entre os dois, e tem o forte. Às vezes, quando o forte decide fazer tudo por conta ele só publica merda e através de seu julgamento não permite apagar ou coisa do tipo. O intermediador auxilia na comunicação e ajuda no desenvolvimento de ambos, mas não cria e nem decide se publica. O fraco só cria, dá ideia e diz aos dois o que eles devem trabalhar, o que fazer, o que criar, mas no fim, não é ele que cria. Através de estudos e análise estou sendo orientado a deixar o fraco fazer maior parte do trabalho, mas o forte não permite, pois de forte é só o seu poder, pois é um cagão mesmo.

Mas, ao ler o que foi escrito e ler o título, creio já ser o suficiente para entender o que se passa em vossas mentes, ou, a priori apenas na "casa" do autor.

20 maio 2016

Relendo poemas, relembrando momentos

Um convite se fez presente em um momento tão conturbado que só era expresso no encontro daquele que é contemplado. O convite foi aceito, mas deixado a qualquer momento.O momento se fez presente, me convidei para o convite que foi aceito gentilmente. Parto para o encontro e sou convidado a entrar. Eu já não era o mesmo, ele também não. Mas o que importa quando o que se faz presente são os sentimentos dos corações? - Nossa, como você emagreceu - com um sorriso e desdém da afirmativa me respondeu - Quase não tenho tempo para comer, emagreci mais de 10kg (...) - imaginei. Ao entrar fazemos um programa similar, mas num conforto familiar, como boa mãe que se mostra ser. Vinho e verdinho acompanhado de salgadinho. Foi uma alegria depois de tanto tempo rever o momento, mas lembrei que nenhum momento é como já foi o outro, então muita atenção eu prestei. Ouvi, ouvi e ouvi. Depois ouvi a música, ouvi o insulto, ouvi a desconstrução e continuei ouvindo. Entorpecido e muito atento ao que eu ouvia, já tinha me esquecido de ouvir a mim mesmo. Percebi que tudo o que tinha ouvido não se dizia respeito a quem eu tinha conhecido, porque já não era o que era. Entendi. Na insegurança que se tem a respeito da confiança faz com que mostremos apenas o que é superficial, como o fim de um copo de vinho. Percebe-se apenas que acabou, porque é isso mesmo que os nossos olhos mostram, ou que nossos ouvidos ouvem. Tudo faz parte. É hora de partir. Percebi que nem por um minuto o silêncio se fez presente, talvez porque ele diga muito e não queremos ouvi-lo. Confuso, entorpecido e com atenção dividida  eu me perdi. Nisso eu vi a raiva ser expressada, o que me fez sorrir. É hora de partir e o mínimo que se pode fazer ou dizer é agradecer pelo curto momento que se pode curtir.

Agradeço pelo momento e pela paciência, pai!

19 maio 2016

Já era

Já se deu conta o porquê faz o que faz? Já identificou a causa primeira que lhe faz ser efeito para geração de uma outra causa? Já se sentiu perdido? Já se sentiu deslocado em ambiente familiar? Já lhe ocorreu em seus pensamentos que você poder se uma fraude? Já lhe passou em sua mente a insegurança de escolher A, B ou C? Já imaginou que tudo isso pode ser sua imaginação? Já se imaginou diferente do que é? Já tentou ser diferente do que é? Já foi diferente do que é? Já agradeceu por ter aberto os olhos alguma vez? Já agradeceu por não ser mulher? Já agradeceu por não ser homem? Já agradeceu por ter um emprego? Já agradeceu por não tê-lo? Já fez  o que deveria ter feito? Já deixou de fazer? Já era ...

Já se perguntou por que escrevemos o que escrevemos?
Já tentou responder cada uma dessas perguntas que foram feitas?
Já descobriu o por quê?

Já houve momentos melhores e momentos piores, o que faz sentir que está no limbo, aguardando pelo melhor ou pelo pior. Fica ansioso com sua chegada, não pelo medo de se fuder literamente, ou pela pressa de gozar aquilo que te apetecerá, mas ansioso por não saber o que vem e saber que vem.

Já deixou de ser louco? Já foi louco? Já?

Pupilas dilatadas

As araucárias embelezam a paisagem das seis
com o crepúsculo de pano de fundo,
parecendo até que são sombras no muro.

Cogito em dizer sobre sua beleza,
mas o movimento não permite dizer
sobre a contemplação da natureza.

Observando outros passageiros,
percebo que não há mais ninguém
a contemplar.

Então observo pelas lentes transparentes
que há pupilas dilatadas evidenciando
o sentimento que não pode dizer,
que não a permite ver,
pois há muito mais beleza nas araucárias
que um crepúsculo mostra
depois de uma tarde ensolarada.

12 maio 2016

às vezes

Às vezes só queremos ter algo para escrever, algo interessante que possa fazer alguém querer ler, que minimamente nos faça regozijar no prazer de ler e reler, admirando o sentimento que ali contém, a lógica utilizada para subliminar aquilo que só jogadores são capazes de entender, descobrir.
Às vezes só queremos um pouco de atenção, não uma multidão, mas um ser em questão que mais do que amor lhe é gentil, querendo preservar-te.
Às vezes só queremos não estar onde estamos, deixar de estar, deixar ir, deixar, devir. Então, você lembra das contas à pagar, das responsabilidades à honrar, de um nome à zelar, de tudo um pouco que o mundo lhe cobra pela simples razão de existir na condição que existe, sobrevive.

Às vezes só queremos o "às vezes", pra variar, pra descontrair, para qualquer coisa que vir, mas, que venha acompanhada, bem acompanhada, com uma taça de vinho na mão e na outra segurança, segurando a mão da liberdade, sendo esta acompanhada de um sorriso monalísico, convidando-lhe para qualquer caso que às vezes acontece.

Às vezes só queremos que seja diferente

10 maio 2016

A inconsciência de se importar

Já não quero mais explicar, pois nunca consigo me fazer por entendido. Então, aceito como parte de mim, como sendo Eu mesmo, algo inerente ao meu ser que sem isso, não seria Eu.
"Tornar-te aquilo que és". Nietzsche

05 maio 2016

Mais um aniversário

Quinta-feira, 5 de maio de 2016, em muitos lugares dizem que estou completando 23 anos. Dou fé. Levanto da cama como habitualmente, me visto correndo, pego minha bolsa e me despeço de minha esposa, tudo sendo feito como habitualmente.
Encontro as pessoas no ponto e digo em alto tom "Bom dia", seguindo a rotina de sempre. Embarco no ônibus e novamente a ideia volta a minha cabeça.
"É seu aniversário! Você está fazendo 23 anos, o que tem mudado? O que há de diferente entre seus 22 e seus 23? E os seus 21? E seus 20? O que está diferente? Você está fazendo as mesmas coisas sempre!"
Paro de pensar nisso, mudo meu pensamento, me lembro que os pensamentos eram diferentes dos que são hoje, então, reconheço a mudança, mas, não sou hipócrita para acreditar que isso é decorrência do passar dos dias e que depois de + ou - 365 dias tenho uma grande revolução. Na verdade, acredito que esta revolução em um grande dia, como o aniversário, é possível, mas que pode ocorrer em qualquer dia, em qualquer momento, a qualquer hora, em qualquer lugar, de qualquer modo, não sendo necessariamente o dia em que completa mais um ano o dia da reviravolta.

Surge uma carência afetiva, uma necessidade de ser reconhecido por algo, de ser visto com olhos diferentes daqueles costumeiros olhares cansados de quem segue suas rotinas extenuantes, aclamando por uma interação que faça sair de sua rotina, sempre esperando pela ação do outro, com medo do julgamento. Então penso Como seria se eu dissesse ao mundo que hoje é meu aniversário de 23 anos? Diria "oi, sabia que hoje é meu aniversário?", aaah, idiota, é claro que a pessoa não sabe, ela não sabe nem mesmo o seu nome, nem onde você trabalha, nem nada. O máximo que ela sabe é que você pega o mesmo ônibus que ela. Sim, nesse momento me reconheço como um idiota, mas eu mesmo me conforto considerando a hipótese de que há outros idiotas como eu.

Quase chegando ao louvável e admirável ganha-pão recebo um SMS me felicitando pelo meu aniversário. Meu primeiro parabéns do dia, de minha mamãe. Todas aquelas palavras utilizadas para fazer você se sentir especial e tu não ter nem mesmo 1 real de crédito para poder agradecer o carinho de sua mãe. Que louvável e admirável, heim? Sigo o percurso.

Então, durante o resto do dia, por uma grande maioria, recebo aquelas felicitações clichês, mostrando que existe muitas pessoas que se importam, que são gentis, que cumprem um protocolo, que sentem vontade de uma interação diferente do bom dia, que sentem pena, enfim, que sentem ou seguem qualquer coisa, mas que no final das contas, não tem importância. Há alguns casos que são interessantes, pois parece irônico suas felicitações ou protocolar mesmo. Outras são bem incomuns do tipo "É hoje né, é hoje ...". Bom, o mais interessante de tudo é você está trabalhando com essas pessoas há quase 3 anos e sempre que faz aniversário ou alguma situação que requer sua idade, nunca sabem, sempre perguntam "quantos anos?". Não os culpo, só os denuncio. Não os culpo, pois também não sei a idade da maioria, ou talvez de ninguém, mas isso mostra a distância que temos uns dos outros. Interessante é que nas primeiras vezes eu disse 21, 22 e ... 28! Poise, eu menti e maior parte acreditou, ou fingiram ter acreditado só para não ter o trabalho de continuar a conversa.

Depois, entro na minha caixa de e-mail. É incrível como as empresas prestadoras de serviços online oferecem os 10% de desconto o ano inteiro e quando chega no seu aniversário eles dizem:
"Parabéns, feliz aniversário! Muitas felicitações para você. Por causa de seu aniversário estaremos te dando incríveis 10% de desconto na compra de qualquer coisa em nosso site".
Poise, o que eles oferecem o ano inteiro não faz diferença no dia do seu aniversário. O melhor presente que eles poderiam ter me dado é nada. Nenhum spam já seria muito útil.

Sim, meu dia de aniversário foi mais ou menos por ai, nada surpreendente. A noite, enquanto escrevo, está muito melhor, mas se deixo uma dica sobre o que me agrada, só escrevo duas palavras: dar risada.