04 julho 2016

Das coisas que eu vejo, mas não sei dizer

Sinto o cheiro de seu sentimento,
nunca tem o seu consentimento,
nem jeito de mostrar o momento,
pois logo vira passado,
página virada.


Tento explicar com alguns argumentos,
mas são refutados sem esforço,
sem apreço.

Como explicar um sentimento
que logo se desfaz
num questionamento?

Qual seria o proveito?
Por que não simplesmente
levar a sério,
tão como foi levado
o primeiro momento,
sentimento?

Não são todos iguais?
O amor não se sente no ar?
Não se pratica no calor?
Não refere-se a ele
como a sensação alegre
de ter encontrado
a felicidade?

Precisamos de uma forma
adequada para que digas
Oh, que belo
Oh, que adequado
Oh, correto!

Pros infernos!
Tem capacidade de saber
o que é invisível,
o que é inaudível,
às vezes
inexistente.

Mas não sabes ler
uma palavra minha,
soa confuso,
soa maluco,
soa do jeito que
sou,

só.

E por que escrevi assim e não assim? Porque eu quis imitar aqueles espertalhões que escrevem bonito, bonitinho, cheio de coisas, de regras (tais que desconheço todas), de lógicas e técnicas que fazem as letras tomarem uma forma e uma lógica coerente que faça um crítico dizer "Oh, que belo".

O que percebo é um grande espaço em branco ao lado de três palavras por linha que poderia ser preenchido com um montão de coisas. Ainda bem que fica assim, em branco! Assim eu acredito que digo mais de mim. Não está vazio, está em branco.

feche seus olhos, imagine-se no cenário virtual de Matrix, onde o Neo faz todo seu treinamento militar e marcial, que se transforma naquilo que a mente deles desejar.

Imagine o que quiser, mas imagine! Sonhe, pense, reflita, refaça, faça, de novo, e de novo, mude. Não se deixe abitolar, encalhar, não sair do lugar.

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