02 junho 2016

RESENHA: Conversando com Deus, livro I

Conversando com Deus - Capa do livro

O livro Conversando com Deus é um livro concebido pela inspiração divina que o autor, Neale Donald Walsch, teve e com isso compôs um diálogo com Deus, o qual resultou neste livro. O surgimento desse diálogo aconteceu quando o autor estava fazendo uma carta para Deus fazendo perguntas as quais buscou a vida toda responder, mas não tinha encontrado respostas satisfatórias para estas questões. Segundo o relato do próprio autor, quando terminara de escrever a última pergunta e estava largando a caneta, percebeu que sua mão ficou imóvel com a caneta parada em cima de onde estava escrevendo, como se houvesse uma força invisível, começando assim o diálogo.

O livro começa questionando sobre a veracidade do diálogo. Donald encara primeiramente como suas ideias concebidas de sua imaginação, mas ao longo do desenvolvimento da conversa, questionando também porque Deus não conversa com outras pessoas da mesma forma que faz com ele ou outros meios que fique claro a sua comunicação, Deus, através do diálogo, responde que se comunica com tudo e com todos a todo o momento. Quanto à questão se aquilo era só a imaginação do autor é respondida como “faria diferença ser sua imaginação ou Deus? Não seria a mesma coisa?”, respondendo também que a comunicação de Deus se dá de todas as formas e de todos os meios, pois sendo ele Deus, usa todos os caminhos de comunicação que acha efetivo, sendo eles, segundo o autor, as emoções, as sensações, os pensamentos mais elevados (que é caracterizado como o pensamento primeiro sobre algo, ou, primeira impressão intelectiva), através da natureza, através do rádio com as mensagens subliminares das letras, através de poemas, textos, pessoas, animais, esculturas de arte, enfim, de todas as formas que dispõem aos propósitos comunicativos de Deus.
O autor questiona sobre o porquê de haver tanto sofrimento no mundo, porque Deus, sendo amor incondicional, permite que haja o sofrimento e a dor no mundo, porque permite que aja maldade e derivados que causam sofrimento nos homens. Deus responde que a origem de todo sofrimento humano reside no medo, sendo o medo o sofrimento gerador de tudo aquilo que o homem julga como mal existente no mundo. Em sua oposição extrema, o contrário de mal, encontrasse o amor, sendo este o princípio criador de toda a existência divina. Assim, no diálogo, Deus escreve que em resumo não há nada que fora criado que não seja pelo amor ou pelo medo, sendo um a causa do prazer e o outro a causa da dor. Quanto à existência do sofrimento, ou do medo, Deus menciona que só somos capazes de saber o que é bom porque existe o mau, sabemos o que é prazer porque há o desprazer, o sofrimento, sabemos o que é luz porque há as trevas, desse modo, mencionando que só existe o que existe para que nós possamos nos experimentar como ser, por isso existe tudo o que existe. Ou seja, eu só sei que existe um Eu porque há um Outro. O singular só é singular na presença do outro que é diferente dele. Dessa forma, o livro irá explicar muitas questões com o princípio criador (medo e amor), explicará que só existe Bem e Mal porque o homem o criou através de seus próprios julgamentos, sendo que aos olhos de Deus não há nada que seja naturalmente bom ou mal, pois, segundo o livro, ele se agrada com toda a criação que é emanada por ele, sendo apenas o julgamento humano que define o que é bom ou mau, não competindo a ele julgar, pois Deus não julga aquilo que ele cria.
Nesse momento da leitura, podemos ver o Deus descrito por Neale Donald como um Deus espinosano, pois para Spinoza, Deus ou Natureza, é uma substância única e geradora de tudo o que há, sendo tudo que existe emanado por Deus, ou, tudo passa a ser Deus por ser sua própria extensão, caracterizando sua visão panteísta. Ao longo do diálogo, em várias passagens, Deus menciona nossa potencialidade de ser Deus, pois o desejo de nossa alma é experimentar-se plenamente “Quem É”, buscando ser a própria representação de Deus.
O livro Conversando com Deus têm como proposta mostrar que tudo o que julgamos como bom ou mau é baseado unicamente em uma convenção humana para tal, mostrando que para Deus não há certo ou errado, bem ou mal, julgamentos divinos. Também mostra que a presença mais marcante de Deus são os nossos pensamentos e nossas emoções, segundo o autor, a linguagem mais poderosa de comunicação que há entre nós, criaturas, com Deus, criador.

BIBLIOGRAFIA


WALSCH, Neale Donald, Conversando com Deus, livro I: um diálogo sobre os maiores problemas que afligem a humanidade / Neale Donald Walsch; tradução de Clara Fernandes. – Rio de Janeiro: Agir, 2008.

Aqui há um vídeo do autor comentando sobre sua visão acerca da emoção do medo, falando um pouco a respeito do livro.


Opinião pessoal
É uma daquelas leituras de autoajuda, porém, o livro não fica 'chupando seus ovos' do inicio ao fim, ao contrário, tem uma perspectiva de tornar você mais responsável por sua vida, sem aquela história de ficar culpando a vida, Deus, o demônio, o acaso e outros fatores externos a você. O livro possui umas analogias interessantes, como a ideia de criação que parte através do pensamento - palavra - ação, algo que parece bem consistente se analisarmos como ocorrem os comportamentos e as deliberações. Para aqueles que tem uma visão restrita de fé, Deus e mundo a leitura poderá ser ofensiva a estes valores, pois será taxado como blasfêmia e heresia, pois  muitas ideias do livro vai contra os preceitos religiosos conservadores, se encaixando naquelas visões religiosas New Age. De qualquer modo, sim, é uma leitura interessante, fácil e em algumas passagens, cômicas. Incentiva o autoconhecimento e a observação dos próprios pensamentos, sendo que se o leitor levar a sério o que é proposto no livro, trará mais liberdade ao leitor para deliberar sua vontade, visto que considerará com a própria vontade divina agindo sobre ele, não tendo nenhuma culpa quanto as suas ações e pensamentos. Leitura rápida  e simples, legal (y)

Aqui há duas resenhas demonizando o livro e o autor, fundamentando através do conhecimento bíblico as razões deste livro ser obra do capiroto. Os links estão aqui para quem quiser ver o olhar unicamente cristão da obra:

Crescendo & Aprendendo - Heresias do livro conversando com Deus
Cristiane Cardoso - Livros que não são o que parecem - Conversando com Deus

Um comentário:

  1. Estou amando ler o livro Conversando com Deus, ele vem de encontro com as minhas concepções. Sempre me vi única com Deus no meu interior, sempre após as conversas ou desabafos escritos com Deus vem a calma, a paz de espírito e a resolução do problema. Nunca vi Deus distante de mim, sempre sinto-o em mim. E através da conversa com Deus sinto a verdadeira gratidão de poder criar caminhos novos mudando a intenção da experiência vivida.

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Enforque-se na corda da liberdade (Antônio Abujamra)