"Palavras, apenas. Palavras pequenas. Palavras". - Palavras Ao Vento - Cássia Eller
Mais uma daquelas sextas-feiras costumeiramente maravilhosas por saber que foi o último dia da semana em que você teve que acordar cedo para ir trabalhar. Sim, a alegria se dá por razão do dia seguinte não ser um dia útil (e acredito que usem este termo para desqualificar quem gosta do descanso, em outras palavras, sábado e domingo é dia inútil, adjetivando isso a quem gosta desses dias), por ser obrigado (não se referindo a termos físicos aqui, embora isso em longa data se aplica) a ter que acordar cedo para cumprir um regime de 9 horas diárias para fechar a meta de 44 horas semanais. É por isso que te pagam, este é teu valor de mercado em razão de seu salário x tempo de trabalho.
Poderia enaltecer ainda mais a sexta-feira, mas parece que os dias se engradecem na medida que temos tempo e possamos dedicar nossa atenção as pequenas coisas diferentes que ocorrem ao longo deles.
Sim, as pequenas coisas são as que fazem diferença, são simples e efetivas que mudam pequenos sentimentos, como um gesto de gentileza, um ato de educação, um olhar brilhoso.
Sim, as pequenas coisas são as que fazem diferença, são simples e efetivas que mudam pequenos sentimentos, como um gesto de gentileza, um ato de educação, um olhar brilhoso.
Quando disponho de tempo para mim utilizo para fazer leituras de meu interesse, observar o comportamento das pessoas diante de sutilezas e reações mais complexas, observo o Céu e o Sol, admiro a beleza alheia, aproveito o momento sem compromisso, sem pressa.
Observando para meus semelhantes recebo a sensação espelho carregado de algo íntimo. Íntimo porque só se diz respeito a pessoa que emite e por se tratar do próprio ser dela, não tendo como ela emitir algo diferente, a não ser que aconteça algo diferente que mude seus sentimentos internos, e que circularmente volto a dizer que só se diz respeito a ela, nunca a outrem, por mais que este possa influenciar igual o ambiente como um todo faz.
As pessoas (não todas) têm medo de comprovar suas expectativas, muitas vezes alegando saber uma coisa que é impossível saber. Tem a expectativa de engajar em um novo emprego, mas acredita que o empregador exigirá mais do que as qualificações, dizendo-o que é incapaz para exercer tal função (o que muitas vezes é verdade). Tem expectativa de sair com aquela ou aquele moço, mas a moça não se arrisca a iniciar uma conversa com o medo de ser rotulada como vadia, vagabunda ou qualquer termo semelhante a isto ou o rótulo de uma garota/mulher fácil. O moço encara a moça afim de que ela retribua o gesto na mesma intensidade, ou que ela saia de sua zona de conforto e se arrisque na área da sedução, arriscando ser rotulada pelos termos já mencionados. Ou então o moço se sente pobre, ignorante, feio, enfim, sente-se incapaz ou não tão bom partido para aquela moça de interesse.
Limitações impostas da sociedade para seu ego, este que impõem sobre você, para agir da maneira mais higienizada quanto possível.
Antes que qualquer pensamento radical invada sua mente ou se manifeste, digo-lhe que não defendo a sodomia, a nudez liberal, a utilização libertina de drogas(não importa se é maconha ou cigarro), a guerra contra o capitalismo e etc, etc, todas essas merdas de doutrinações. O que estou dizendo é:
As limitações que impedem você de realizar seus desejos e pulsões é por conta dos valores culturais que foram impostos goela à baixo desde que você se conhece por gente?
Então, se for unicamente por causa disto, digo-lhe que é um desperdício de vida sem tamanho! Em seu mundo, e no mundo, quantas pessoas passam por cima da vontade delas para prevalecer a sua de modo pacífico, sem que você tenha que fazer o uso da força? Com que frequência isso acontece ao longo de sua pequena vida? Para quantas pessoas você deixa de lado sua vontade para que prevaleça a delas? Com que frequência?
Por quê?
Será que às vezes não é melhor comprovar se a expectativa condiz a realidade, ou pelo menos a nossa realidade? O que se estará perdendo ao ter certeza se a realidade condiz ou não a expectativa?
Estará perdendo a dúvida, passará a ter certeza e tudo terá outro significado. Isto pode implicar em perder um sonho.
Mas para que saiba que isto não é triste, e que na verdade só parece triste, é porque ao perdermos um sonho, principalmente através de comparação com o real, automaticamente estamos abrindo espaço para um novo sonho em seu lugar. Quando se abandona-o, é assim, ele morre. Ao morrer abre espaço para outro ser. Outro sonho, outro indivíduo, outra realidade, outra vida. Se você não comprova, aquilo ficará lhe alfinetando, criando ansiedade, medos, falsas crenças acerca de você mesmo (às vezes a respeito dos outros), limitações, doenças psicológicas (dependendo do caso e gravidade, até sintomas físicos).
Será que não é melhor perguntar?
- Oi, você tem horas?
- Cinco e trinta e oito.
- Obrigado.
Será que não é melhor saber?
- Está tudo bem com você?
- Oi? Está sim! Por quê?
- É que estava lhe observando com a cabeça baixa e um pouco entediada.
- É que estou esperando meu marido, ele está demorando.
Ter certeza?
- Sabe quando você vê alguém e acha que conhece, mas não tem certeza se este alguém é realmente quem você acha que é. Dai ela olha para você e parece que tem a mesma coisa em mente, parece que ela te conhece mas não tem certeza e acaba ficando constrangida pelos dois fatos: por não ter certeza se você é quem acha ser; por poder estar encarando um estranho e demonstrar intenções que na verdade não são.
- HAHAHA, sei.
- Não seria melhor dizer "Oi, você é a fulaninha?" e ela dizer "Não, eu sou ciclaninha."
- Talvez ela poderia dizer "Sim, sou fulaninha e você é o beltrano, né?"
As incertezas criam as ilusões, esta que fazemos uso para embelezar tudo e todos. Não acabamos com ela sem criar uma boa história. Como sempre temos dúvidas e depois viram histórias, não deixe uma dúvida durar tanto tempo que perca o interesse na história ou que faça você perder a possibilidade de ter muitas outras boas histórias, pois ninguém sabe do amanhã e o ontem já se foi, já passou.
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Enforque-se na corda da liberdade (Antônio Abujamra)