16 março 2016

Superficialidade e a realidade

O que nossos olhos enxergam é apenas o que podemos ver e definir como real?
As pessoas são a sua aparência? As pessoas são definidas pela cor de seus olhos, cabelos ou cor de pele?
Podemos julgar o caráter de alguém através do que nossos olhos concebem?
A beleza visual é a única e verdadeira referência para definirmos realidade?

Nesses primeiros questionamentos fica evidente que o único sentido de percepção do mundo utilizado é a visão. Mas é sabido que minimamente dispomos de 5 sentidos básicos, sendo eles:

  1. visão;
  2. audição;
  3. tato;
  4. olfato;
  5. paladar.

Através desses 5 sentidos nosso corpo coleta as informações do mundo, processa-as em nosso cérebro e faz uma criação mental interpretativa, que costumeiramente chamamos de realidade.

Partindo de uma visão grega-aristotélica podemos considerar que o animal homem não são iguais em suas capacidades perceptivas, ou seja, nem todos os homens veem bem, ouvem bem, tateiam bem, cheiram bem, degustam bem. Além do homem ser diferente um do outro em suas habilidades perceptivas, também são diferentes no que se diz respeito ao processamento dessas informações. Visto que as informações adquiridas são diferentes, o processamento das mesmas se dão de modo diferente, logo é possível concluir que a criação mental interpretativa de cada ser também será diferente!
Isto implica dizer que a realidade não é uma, posto aqui ela sendo uma criação individual influenciada por um todo, mas uma variedade de informações distintas processadas de forma a criar novas informações que parecem nunca se relacionar por completo com a realidade de outrem.

Existe ou existirá alguém no mundo capaz de escrever este mesmo texto sem nunca antes te-lo lido?

Por isso, independente de quem você seja, tu és único e por decorrência disto, especial.
Deixar sua alegria esvair por conta de alguém que você gostaria de ser é no mínimo imaturo. Viver sua alegria, geralmente dito como "ser feliz", só pode estar relacionado a aceitação de como tu és, amar o que é, porque só é como só poderia ter sido. No passado não cabe poderias e deverias, só a recordação.

Como tu queres lembrar de você mesmo?

Imaginemos que morrer, desencarnar, acabar a energia vital, bater as botas e qualquer outra definição que aqui cabe sua crença, seja ter que assistir e sentir tudo aquilo que já viveu. Como gostaria de se enxergar, ouvir, sentir? Ou então que isto represente um simples fim, um preto absoluto, inaudível, sem cheiro ou qualquer percepção, vale a pena, no presente, lutar até o fim de sua vida para ser algum modelo estereotipado que muitas vezes não foi nem criado por você? Vale a pena lutar por uma incerteza? Já se perguntou as razões de sentir o que sente, de crer no que crê, de viver como vive? Já imaginou que o que todos compartilhamos em comum é a vivência em um mesmo mundo material, sujeito a qualquer mudança fora de seu controle e que nada é certo, no sentido de certeza, sometimes em relação aos valores, e que tudo se transforma de modo a perdermos nossa própria identidade?

Qual é a sua identidade?

Você é um impostor ou é você mesmo? Quem é você? Isto não está além de suas percepções básicas comuns?
O comum se mantém onde sempre esteve, a realidade varia de sujeito a sujeito e as aparências escondem do que aquilo é feito.

"Cogito ergo sum"

The Old Couple or Musician (1930) - Salvador Dalí

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